sexta-feira, 12 de abril de 2013

Entrevista da nova intregante da Academia Brasileira de Letras


"Fiquei muito honrada com essa votação", diz nova imortal da ABL

Escolhida na tarde desta quinta (11) como nova integrante da Academia Brasileira de Letras, a escritora, jornalista e militante feminista Rosiska Darcy de Oliveira disse ter ficado "muito honrada" com a votação que recebeu --23 votos de 38 possíveis, contra seis do segundo colocado, o poeta Antonio Cícero-- e afirmou que sua entrada na Casa de Machado de Assis era algo a que ela aspirava, como escritora.

Quinta mulher entre os agora 39 acadêmicos (uma cadeira continua vaga), ela foi elogiada por seus novos colegas pela notória militância feminista, e disse que "essa trajetória correu imbricada com a minha atividade literária".
 
Foto: Onofre Veras/AgNews

Os acadêmicos ressaltaram, além de sua obra como escritora, sua militância feminista.
É verdade, fico contente que eles tenham reconhecido isso. De fato, tenho uma trajetória, durante praticamente toda a minha idade adulta, que foi de tentar um novo estatuto para as mulheres. Fui presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, fui embaixadora na Comissão Interamericana de Mulheres da OEA [Organização dos Estados Americanos] e co-chefiei a delegação brasileira na Conferência Mundial sobre a Mulher, em Beijing. Então, é fato, eu tenho realmente essa trajetória que, evidentemente, correu imbricada com a minha atividade literária, porque a minha profissão sempre foi escritora. A minha ação pública foi essa, marcadamente na defesa dos direitos das mulheres e das liberdades em geral.

A sra. é apenas a quinta mulher, entre os agora 39 membros da ABL. Nesse sentido, sua entrada é simbólica?
Acho que é, de certa maneira, tendo sido essa a minha trajetória e também uma parte considerável da minha produção ensaística. Como ensaísta, produzi dois ensaios grandes voltados para essa questão, "O Elogio da Diferença" e "Reengenharia do Tempo", que tratam da emergência do feminino na cultura e da conciliação da vida privada com o mundo do trabalho. Creio que a minha entrada pode ter um sentido simbólico não propriamente numérico, mas no sentido do reconhecimento do valor de uma obra que abordou esses temas.

A sra. também preside o movimento Rio como Vamos. Espera levar esse tipo de temática social à Academia?
Essas atividades não são necessariamente ligadas. A Academia é um espaço mais literário, onde entra minha produção ensaística e como cronista. Mas o Rio como Vamos continuará a ser uma preocupação minha, porque sou uma carioca muito dedicada ao Rio de Janeiro, considero um privilégio ter nascido nessa cidade e tento devolvê-lo me esforçando para que ela se torne uma cidade cada vez mais humanizada, e continuarei a fazer isso.

A sra. sucede o poeta Lêdo Ivo e vai tomar assento na cadeira fundada por Rui Barbosa.
O que é particularmente honroso e uma responsabilidade.

Já sabe como vai homenageá-los no seu discurso de posse?
Não seria presunçosa de prepara um discurso antes da eleição, preferi ser eleita e agora vou pensar nisso. A Academia tem um prazo máximo para que se tome posse [60 dias], mas não será um período de ansiedade, será, ao contrário, de grande alegria.


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