terça-feira, 26 de março de 2013

Feira de Bolonha: Autora argentina Isol venceu prêmio ALMA

A escritora e ilustradora argentina Marisol Misenta, que assina como Isol, venceu o prémio sueco Astrid Lindgren Memorial Award (ALMA), hoje anunciado, e para o qual estavam nomeados o autor António Torrado e a editora Planeta Tangerina.

Isol, nascida em Buenos Aires, em 1972, receberá assim mais de 500 mil euros de um prémio criado em memória da escritora Astrid Lindgren, com o objetivo de distinguir autores e ilustradores para a infância e juventude ou organismos que promovam a leitura.

Para o júri, que anunciou o vencedor em simultâneo em Vimmerby (Suécia) e na Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália), Isol cria álbuns para a infância pela perspetiva da criança, com ilustrações que "vibram de energia e emoções explosivas".

Conhecida também por cantar e compor, no grupo Sima, Isol tem cerca de duas dezenas de livros publicados, metade dos quais assinando texto e ilustração, que, no entender do júri, apresentam "soluções pictóricas inovadoras" e "testam os limites do álbum ilustrado", abordando "o lado mais negro da existência, com humor e ligeireza".

"Isol coloca-se do lado das crianças, observa o mundo através dos seus olhos e revela as coisas absurdas do mundo dos adultos", justificou o júri.

O trabalho de Isol, que conta com a colaboração do poeta argentino Jorge Luján, está publicado em cerca de 20 países.

Ilustração do livro "La bella Griselda". Site da autora.


O prémio ALMA, criado em 2003 pelo Governo da Suécia, e considerado um dos mais importantes da literatura para a infância juventude (a par do prémio Hans Christian Andersen), será entregue a Isol, a 27 de maio.

Em anos anteriores, o galardão foi atribuído, por exemplo, ao Banco do Livro da Venezuela, aos escritores Maurice Sendak, Philip Pullman e Shaun Tan, todos com obra editada em Portugal, e à ilustradora Kitty Crowther.

Este ano, entre os nomeados estavam o escritor António Torrado e, pela segunda vez consecutiva, a editora Planeta Tangerina.

A escritora Astrid Lindgren, que morreu em 2002, foi autora, por exemplo, das histórias protagonizadas pela personagem "Pipi das meias altas".

Fonte: Diário de Notícias
Por Lusa, texto publicado por Sofia Fonseca

quinta-feira, 21 de março de 2013

Que tal trabalhar por um ano na casa de Hemingway?

Quantos escritores não estão procurando sua musa, aquela força divina que trará uma grande ideia? Bem, e se essa força vier de estar no mesmo lugar onde morou um grande escritor? Será que ele deixou uma energia inspiradora por lá? Será que seu fantasma visita o local e sussurra grandes frases, diálogos e cenas?

Bem, quem quiser descobrir pode se inscrever para o programa Writer in Residence da Ernest Hemingway Foundation.

A oferta é usar, por um ano, o sótão reformado da casa onde Hemingway nasceu para escrever um romance, um poema épico, contos ou até um projeto jornalístico revolucionário.
 
O sótão, com a reforma em andamento.
 O sótão, onde o autor de O Velho e o Mar brincava com seus irmãos e contava histórias, está sendo reformado e o escritor escolhido deverá, além de produzir sua obra, oferecer palestras, workshops e outros eventos para o público em geral.

Interessou? As inscrições podem ser feitas até 1º de junho. Clique aqui.


domingo, 17 de março de 2013

Deu na Ilustrada!

Reproduzo aqui a matéria sobre Roth, um dos meus autores preferidos. Entre as obras elencadas faltou a minha preferida: “Pastoral Americana”, que recebeu o prêmio Pulitzer em 1998. Também não posso deixar de citar o seu famigerado alter-ego Nathan Zuckerman, que é personagem de diversos livros.

Recentemente, o norte-americano fez a seguinte declaração: “A briga com a escrita acabou.” Decidindo, assim, encerrar a carreira de escritor, pelo ônus que o ofício demanda e porque, para ele, a base de leitores está diminuindo expressivamente.

O que não é novidade para nós, pois as pesquisas recorrentes afirmam isso de forma inequívoca.

A pergunta que ele tem se colocado é: “Mais livros, para quê?

Aos 80 anos, escritor Philip Roth se revela em documentário e exposição de fotos
 

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK
 
O escritor americano Philip Roth diz ter "duas grandes calamidades para enfrentar", enquanto lida com as exigências da velhice. Uma é a sua morte. A outra, a sua biografia. "Vamos esperar que a primeira chegue primeiro."
 
A afirmação jocosa é feita na abertura de "Philip Roth: Unmasked", documentário dirigido por Livia Manera e William Karel.
 
Em conjunto com uma exposição de fotografias do ficcionista, o filme marca o seu aniversário de 80 anos, a ser comemorado na próxima terça.
 
Embora tenha cultivado por décadas um comportamento reservado, Roth decidiu expor detalhes da sua vida pessoal. Ele explica que é melhor fazê-lo agora, pois ainda pode exercer certo controle sobre a sua história.
 
Pelo mesmo motivo, Roth começou a colaborar com Blake Bailey, designado no ano passado para ser o autor da sua biografia autorizada.
 
A fama de Roth teve início em 1969, quando publicou "O Complexo de Portnoy". Além de acusado de antissemita, ele foi associado ao protagonista Alexander Portnoy, causador de escândalo por falar abertamente de sexo.
 
À época, era comum o escritor sair à rua e ser chamado de Portnoy. A partir dali, Roth seria confundido com os seus personagens - como o protagonista do romance "Homem Comum", um dos retratos cortantes sobre a velhice criados pelo autor.
 
Ele é hoje considerado o maior escritor americano vivo.
 
Roth revela ter cinco pessoas de confiança para quem envia os manuscritos dos seus livros. "Elas dizem as suas impressões num gravador e depois, sozinho, eu as transcrevo", explica o escritor.
 
Ele avalia essas opiniões e faz as revisões de pé, debruçado sobre uma mesa alta. "Estar de pé", ele conta, "libera a imaginação".
 
Cumps
 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Reportagem: O preço do livro

Livro é caro?
Como é calculado o preço de capa?
O mercado brasileiro está crescendo?
Uma reportagem bem interessante:


quinta-feira, 14 de março de 2013

Os 70 escritores que representarão o Brasil na Feira de Frankfurt

No espírito do Clube de leitura que divulgamos aqui, de literatura contemporânea em língua portuguesa (ainda dá para participar!), vi uma notícia interessante hoje.

A Fundação Biblioteca nacional divulgou os nomes dos 70 autores brasileiros que representarão o país na Feira de Frankfurt deste ano. A feira, a maior do setor, está homenageando o Brasil em 2013.

De acordo com o comunicado no site da FBN, a escolha teve como critérios "a diversidade e a pluralidade, o equilíbrio entre escritores consagrados e a nova geração, a variedade de gêneros (prosa; poesia; ensaio, biografia e crítica literária; literatura infanto-juvenil e obras técnicas e científicas) e a qualidade estética. Além disso, privilegiou-se o convite a autores publicados ou em vias de publicação na Alemanha e em outros idiomas estrangeiros, bem como os agraciados pelos principais prêmios de literatura do Brasil, de 1994 até hoje."

Além de levar esses autores, o Brasil vai promover uma intensa programação cultural, ocupando espaços importantes em Frankfurt de agosto a janeiro. A programação completa será anunciada em junho.

Aqui vai a lista dos 70 escritores. Quem a gente vai escolher para ler este ano???

Adélia Prado (MG)
Adriana Lisboa (RJ)
Affonso Romano de Sant'Anna (MG)
Age de Carvalho (PA)
Alice Ruiz (PR)
Ana Maria Machado (RJ)
Ana Miranda (CE)
André Sant'Anna (MG)
Andrea del Fuego (SP)
Angela-Lago (MG)
Antonio Carlos Viana (SE)
Beatriz Bracher (SP)
Bernardo Ajzenberg (SP)
Bernardo Carvalho (RJ)
Carlos Heitor Cony (RJ)
Carola Saavedra (Chile - RJ)
Chacal (RJ)
Cíntia Moscovich (RS)
Cristovão Tezza (SC)
Daniel Galera (SP)
Daniel Munduruku (PA)
Eva Furnari (SP)
Fábio Moon e Gabriel Bá (SP)
Fernando Gonsales (SP)
Fernando Morais (MG)
Fernando Vilela (SP)
Ferréz (SP)
Flora Süssekind (RJ)
Francisco Alvim (MG)
Ignácio de Loyola Brandão (SP)
João Almino (RN)
João Gilberto Noll (RS)
João Ubaldo Ribeiro (BA)
Joca Reiners Terron (MT)
José Miguel Wisnik (SP)
José Murilo de Carvalho (MG)
Lelis (MG)
Lilia Moritz Schwarcz (SP)
Lourenço Mutarelli (SP)
Luiz Costa Lima (MA)
Luiz Ruffato (MG)
Manuela Carneiro da Cunha (Portugal - SP)
Marçal Aquino (SP)
Marcelino Freire (PE)
Maria Esther Maciel (MG)
Maria Rita Kehl (SP)
Marina Colasanti (RJ)
Mary del Priore (RJ)
Mauricio de Sousa (SP)
Michel Laub (RS)
Miguel Nicolelis (SP)
Nélida Piñón (RJ)
Nicolas Behr (MT)
Nuno Ramos (SP)
Patricia Melo (SP)
Paulo Coelho (RJ)
Paulo Henriques Britto (RJ)
Paulo Lins (RJ)
Pedro Bandeira (SP)
Roger Mello (DF)
Ronaldo Correia de Brito (CE)
Ruth Rocha (SP)
Ruy Castro (MG)
Sérgio Sant'Anna (RJ)
Silviano Santiago (MG)
Teixeira Coelho (SP)
Veronica Stigger (RS)
Walnice Nogueira Galvão (SP)
Ziraldo (MG)

segunda-feira, 11 de março de 2013

Ramos e frutos


Ricardo Filho não queria seguir os mesmos passos que o pai e o avô – Ricardo e Graciliano Ramos. Na verdade, resolveu ficar bem longe disso: resolveu estudar matemática na PUC de São Paulo. Trabalhou durante muitos anos com tecnologia da informação no universo bancário. Entre idas e vindas, não se adaptou ao ambiente competitivo e cheio de conflitos éticos em que se inseria. 

No início da década de 1990, pouco antes de seu pai falecer, não resistiu à tentação de compor textos para as crianças e escreveu O computador sentimental, um livro de memórias juvenis, publicado em 92. Mas isso não o afastou totalmente dos números, permanecendo com TI por mais 16 anos. Em 2008, foi demitido da IBM e passou a trabalhar com recursos humanos, ideia que já tinha cogitava há um bom tempo. Hoje, concilia o trabalho de RH com a vida de escritor.

No ano em que faz 60 anos da morte de Graciliano Ramos, o neto nos recorda que a realidade tratada pelo seu avô não mudou muito no Brasil. Confira a nossa entrevista para saber mais sobre Ricardo Filho.

Vá se For Ler -     Como você se descobriu escritor? 

Foi um longo percurso. No começo eu tinha medo, achava que seria muito comparado com meu avô e meu pai, sentia-me inseguro. Fui cursar matemática por isso -- seria a melhor maneira de ficar longe da literatura. Mas eu lia muito, vivia sempre em contato com escritores. Ficava fascinado ouvindo meu pai contar para minha mãe as histórias que escrevia. Quando vi, também estava escrevendo as minhas histórias. Em 1991, criei coragem e mostrei um livro juvenil que havia escrito para o meu pai: O computador sentimental. Ele, sentindo-se incapaz de avaliar, pediu que a Vivina de Assis Viana, que também é escritora de literatura infantil e juvenil, lesse. Ela indicou para a Editora Atual, e foi publicado em 1992, logo depois que meu pai morreu. Ele não chegou a ver o livro editado. Ganhei de cara o prêmio Adolpho Einzen, dado pela UBE do Rio de Janeiro, como melhor juvenil de 1992.  E, então, não parei mais.




VSFL -      Em uma intervenção na Universidade de Minas Gerais, sobre Guimarães Rosa, Mia Couto disse sobre a importância do escritor não ser escritor, como ele ser biólogo, e Guimarães, diplomata. Você trabalha com consultoria em RH. Você acha que essa “vida dupla” contribui para seu trabalho de escritor?

Discordo frontalmente. Acho que ser obrigado a fazer outras coisas para viver atrapalha o escritor. Gostaria de somente escrever, ler, viver de literatura. O trabalho em outras coisas para poder sobreviver -- já que em um país onde se lê tão pouco, como o Brasil, o escritor precisa “se virar” fazendo outras coisas --, pode representar um grande atraso na produção do autor. 

VSFL -       É possível ter uma vida financeira digna, sendo, exclusivamente, escritor?

Muitos poucos conseguem no Brasil. Particularmente ainda estou longe disso, mas invejo os que conseguem. A conta não é difícil de ser feita. Um livro editado no Brasil, em média, tem uma tiragem de 3 mil exemplares. O autor fica com 10%, o que significa que recebe por trezentos livros vendidos. Calcule R$ 25,00 por livro e veja que por uma edição inteira, que, normalmente, demora bastante a ser vendida, o escritor irá receber R$ 7 mil. Não dá pra ninguém ficar rico, não é mesmo? Então, ele tem de dar palestras, aulas, escrever em jornais e revistas, não pode ficar só preso aos textos que publica.


VSFL -     Como é seu processo criativo?

Depende muito. Geralmente, a ideia surge bem vaga, partindo de algum acontecimento real observado. Ela vai crescendo internamente, amadurecendo, criando forma. Aí, quando o incômodo já é grande, finalmente, eu me sento e começo a planejar o livro. Capítulos, personagens, narrador etc. Escrevo, então, da maneira que aparece na minha cabeça, desordenada, confusa, apenas um esboço. E aí começa a parte de que mais gosto, e que considero o trabalho real do escritor: o incansável embate com o texto e as palavras. É uma briga insana. Esse trabalho é que irá dar forma final ao texto, trazer a ele uma sonoridade aceitável.

VSFL -      Como e onde você costuma escrever?

Eu escrevo todo dia, o tempo todo, estou sempre procurando espaço, uma brecha para poder escrever. Escrevo no meu quarto, na mesma mesa em que meu pai trabalhava, diretamente no Word. O rádio está sempre ligado baixinho, não consigo fazer nada sem ouvir música.

VSFL -     Você escreve livros infantis e juvenis. Para quais crianças e jovens você escreve?

Depende do texto. Eu não me preocupo muito com isso quando estou escrevendo. O meu intuito é contar uma história bem contada. Normalmente vou conhecer a faixa etária a que o livro se destina mais tarde, quando o editor classifica a obra. Mas eu gosto de pensar, até por ser o meu primeiro leitor, que escrevo para mim mesmo, para aquele menino que fui, apaixonado pela leitura. Então, por esse raciocínio, conclui-se que é um texto mais familiar aos meninos de classe média. Até porque só conseguiria falar a respeito do que conheço. Escrever sobre o mundo de um menino pobre seria difícil para mim, pois nunca vivi essa realidade.  

VSFL -     Você tem contato com seu público? Você visita as escolas, recebe emails, cartas?

Sim, tudo isso. E é uma das coisas que mais me dá prazer fazer. Adoro ir às escolas conversar com os leitores, sentir como fui lido. É interessantíssimo e descontraído. Eu sempre me divirto muito.

VSFL -       O que você acha que as crianças e jovens estão lendo hoje?

Eu sou sempre muito otimista quando falo de crianças e jovens. A minha percepção mostra que eles estão lendo bastante, tanto quanto na minha época. Gostam de livros em que existam sagas, aventuras, suspense, amor, heroísmo, tudo exatamente do jeito que eu gostava. 

 
VSFL -      O que você acha que falta na formação deles como leitores?

Falta uma mediação mais consistente. O ideal seria que existissem pais e professores apaixonados pela leitura. O papel do adulto na formação do leitor é muito importante como exemplo e possibilidade de diálogo. Poder trocar ideias a respeito de textos lidos é sempre muito estimulante. Quando o adulto passa para a criança o entusiasmo que sente pelo texto, o contágio é permanente.

VSFL -   Você é mestrando na USP, em literatura infantil. A pesquisa contribui para seu processo de escrita?

Sim e não. Acaba ocupando espaço demais, o tempo gasto com a pesquisa poderia ser usado na produção dos meus textos. Mas, por outro lado, a Universidade é um campo de troca de ideias e de aprendizado. Nesse sentido estudar, conviver com pessoas interessadas em ler, compartilhar experiências literárias, é sempre muito produtivo. Li alguns autores de literatura importantes por indicação de professores e colegas.  Aprendi alguns conceitos teóricos que fazem com que eu entenda melhor o meu próprio processo criativo.   

VSFL - Qual a importância da ilustração no livro infantil?

É fundamental. Não se concebe mais hoje em dia literatura infantil sem auxílio do texto visual. As ilustrações contam histórias paralelas que enriquecem o texto verbal. Temos, no Brasil, ilustradores maravilhosos. Gente que faz uma leitura muito competente e que amplia muito as possibilidades do livro.

VSFL -    Você já pensou em escrever ficção para adultos?

Nunca publiquei, mas é uma possibilidade cada vez mais presente. Gosto de escrever pequenas crônicas e as tenho colecionado. Um dia dará um livro.

VSFL -    Como seu pai contribuiu para sua formação humana e a sua realidade de escritor? Ele dizia que você tinha talento? O que ele lhe dizia sobre seu avô?

Nunca ouvi de meu pai que tinha talento. Ele não era muito de elogiar. Mas reconhecia e apontava as qualidades do texto, bem como criticava o que achava ruim. Com ele, aprendi a ler, antes de tudo. Minhas primeiras leituras foram todas mediadas por ele. Sem ler, ninguém consegue escrever. Ele falava do pai, Graciliano, com carinho, considerava um grande escritor. Hoje percebo que algum de seus ensinamentos literários foram aprendidos com ele.

VSFL -   Neste ano, faz 60 anos que Graciliano Ramos morreu. Qual seu legado no Brasil hoje, 60 anos após sua ida?

Deixou uma obra importantíssima. É um de nossos maiores escritores, reconhecido pela crítica e pela academia. Seu legado são seus romances e a maneira como enxergava o mundo. E o mais impressionante é que a realidade de um Vidas secas, por exemplo, não mudou.

VSFL -    Se você encontrasse um brasileiro que desejasse começar a carreira de escritor. Qual seria seu conselho?

Que fosse fazer outra coisa. Ser escritor é muito chato, solitário, não enche barriga de ninguém. A gente só vira escritor por vaidade, vontade de exibir o que escreve para os leitores. Os escritores são uma raça insuportável, só falam de literatura, consideram-se seres privilegiados, só porque sabem contar algumas histórias bobas. No fundo, são uns pobres infelizes. Melhor estudar medicina, engenharia, fazer alguma coisa útil.  Mas se o nosso brasileirinho insistisse, eu recomendaria muita leitura. De 4 a 5 horas de imersão diária. Sem ler, ninguém escreve nada que preste. 

VSFL -  O que você está lendo?

Estou em fase final de elaboração de minha dissertação de mestrado e, por isso, tenho lido muito livro técnico, crítica literária, autores importantes para poder construir o meu pensamento e defender minhas ideias. Não tenho tido tempo para ler ficção no momento.

VSFL -   O que você me indica para ler?

Participei recentemente, como jurado, do Prêmio São Paulo de Literatura. Li romances excelentes. Recomendaria: Os Hungareses, da Suzana Montoro e Fita Azul, do Edmar Monteiro Filho. A mocinha do mercado central, da Stella Maris Rezende, que ganhou o 54º prêmio jabuti, também é maravilhoso. Não deixe de ler também o Valter Hugo Mãe. Comece por O filho de mil homens e, depois, A máquina de fazer espanhóis. Ninguém está produzindo um texto tão denso e diferente.  


sexta-feira, 8 de março de 2013

Quer participar de um clube de leitura?

Eu sempre quis participar de um daqueles clubes de leitura em que as pessoas se reúnem uma vez por mês e comentam o livro escolhido por todos, troca ideias, discutem, discordam e pensam em detalhes que nem tinham visto.

Bem, acho difícil conseguir montar um desses. Quase todo mundo que eu conheço está sempre correndo, não consegue marcar um encontro com um amigo por causa de conflito de horário, quanto mais com vários amigos num mesmo dia e é difícil comemorar aniversário e ver todo mundo na sua festa.

Que pena. Mas, sem querer desistir, descobri o Goodreads, uma espécie de Facebook só de livro, onde as pessoas montam clubes de leitura de verdade... só que virtuais.

Por isso, tive uma ideia. Juntei a vontade de ler mais dos autores contemporâneos de língua portuguesa com a vontade de reunir um clube de leitura. E criei o clube de leitura Literatura contemporânea em língua portuguesa.

A proposta é ler um livro por bimestre (é, bimestre, não tem desculpa de não ter tempo) e abrir discussões na página do grupo, durante ou no final da leitura.

Quem topa?

O primeiro livro será Nas tuas mãos, da portuguesa Inês Pedrosa.

Basta entrar no Goodreads, fazer um cadastro e, depois, entrar no grupo (página aqui).

E, agora, deixem-me desligar o computador porque a tempestade aqui está forte! rs
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