quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Doe um livro e ele vai para uma cesta básica

Fiquei sabendo hoje desta campanha muito interessante.

A Livraria da Vila e a Cesta Nobre vão começar, a partir do mês que vem, a receber doações de livros e incluí-los em cestas básicas. O objetivo é levar a leitura para pessoas que têm pouco acesso a livros.

A gente não quer só comida / A gente quer comida, / diversão e arte já diziam os Titãs.

Para doar, basta deixar o livro (ou os livros) em uma loja da Livraria da Vila. Também será possível fazer doações on-line.

Maaaaas... Não é qualquer livro que pode ser doado.

Como diz o site da campanha, eles procuram livros que tenham conteúdo relevante para as pessoas que vão recebê-los. Assim, ficam de fora:
- Livros didáticos e/ou técnicos;
- Livros com conteúdo religioso ou político;
- Livros eróticos e/ou pornográficos;
- Livros com conteúdo ofensivo em geral;
- Livros puramente fotográficos;
- Livros em língua estrangeira.

O site da campanha é este aqui: http://leituraalimenta.org/index.html

O blog está acompanhando a página da campanha no Facebook e avisaremos quando as doações puderem começar!

LIVRO PRA COMIDA
PRATO PRA EDUCAÇÃO

(Os Paralamas do Sucesso)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Juiz manda recolher livros eróticos no RJ

Entre ontem e hoje, muita gente da blogosfera está questionando a decisão desse juiz.
No final da matéria, eu deixei a minha opinião.

A livraria Nobel de Macaé, a 182 quilômetros do Rio de Janeiro, recebeu na segunda-feira (14) a visita de dois policiais e de dois comissários da Segunda Vara de Família, da Infância, da Juventude e do Idoso do município. A ordem era recolher livros com conteúdo impróprio para menores de 18 anos que não estivessem em embalagens lacradas. “Foi um constrangimento horroroso. Em momento algum houve um interesse em nos orientar”, disse o proprietário Carlos Eduardo Coelho.

A ordem de serviço do juiz Raphael Baddini de Queiroz Campos, assinada dia 11, apóia-se no artigo 78 do Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990. “O ECA determina a forma de comercialização desse material, que deve ser lacrado”, comenta o juiz. Ele não espera que sua iniciativa de fiscalização seja tomada como exemplo. “Não temos intenções outras quando cumprimos a lei. Estamos protegendo as crianças e adolescentes de Macaé.”

Obras com conteúdo pornográficos sempre foram vendidas, mas ficavam em seções especiais. Agora, com o fenômeno da trilogia 50 Tons de Cinza, de E. L. James, citada pelo juiz no documento, esses livros são folheados na entrada das livrarias do mundo todo.

Curiosamente não havia um único exemplar de James na loja no dia da ação, conta o proprietário, e levaram obras de outras casas. Coelho disse que tem dez dias para se defender e pediu assessoria jurídica à Nobel. “Ele está cumprindo a lei, mas punindo uma livraria. Os livros não são meus; são consignados pela editora. Não posso lacrá-los ou colocar etiqueta. Isso deve vir da editora.”

A Intrínseca, que publica o best-seller de James, e a Câmara Brasileira do Livro só vão se pronunciar quando forem informadas oficialmente da questão.

Por Maria Fernanda Rodrigues
Estadão Conteúdo

Na minha opinião: Antes que todos digam que é censura, que um é absurdo... Eu acho que a exigência de vender materias com conteúdo pornográfico lacrados não é nada ruim. Quando trabalhei em livraria, mais de uma vez vi um Kama Sutra sendo lido escondido por crianças, nas partes da loja onde as estante ofereciam "proteção". Com certeza não é material para a idade delas. Ninguém está dizendo para não vender, apenas para não deixar acessível para crianças. Outra coisa, essa história de que a livraria não pode lacrar e tem que vir lacrado da editora... Conversa! Mais uma vez, quando eu trabalhei em livraria, plastificar livros era a coisa mais fácil do mundo, qualquer um podia fazer e a máquina estava sempre à disposição.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Academia de ciências nos EUA cria selo para livros "verossímeis"

Muitas tramas de romances policiais caem por terra quando os leitores desconfiam da verossimilhança dos acontecimentos. E enquanto escritores tentam garantir que suas histórias sejam críveis e plausíveis, uma organização científica dos Estados Unidos passou a oferecer um selo de aprovação para livros que acertaram na exposição dos fatos.

Não é uma tarefa fácil, a dos escritores. A ficção policial hoje requer um profundo conhecimento de áreas técnicas e científicas, essencial para o roteiro - e que muitas vezes leva a situações difíceis de serem descritas em palavras e de forma precisa.

Agora, a Academia de Ciências de Washington (WAS na sigla em inglês), criada em 1898 por Alexander Graham Bell - o inventor do telefone -, deu início a um projeto que dá selos de aprovação para livros que tenham fatos científico corretos.

"Muito lixo é publicado atualmente na área de ciência", diz Peg Kay, escritora e membro da WAS. Segundo ela, esse declínio deve-se à pressão comercial e à falta de bons editores por esse declínio.

"Tudo que os agentes querem é atingir as massas. Ninguém sabe mais no que acreditar porque não há mais filtro."

O presidente da WAS, Jim Cole, afirma que muitas pessoas acompanham séries de ciência da TV, como CSI, que podem dar a impressão de que a tecnologia pode resolver qualquer crime.

"A ciência da maneira como é percebida pelo público não é necessariamente a ciência correta", diz Cole.

"Com autores publicando na internet sem editoras, acho que essa questão vai ganhar ainda mais importância no futuro, sobre o que é real e o que não é."

Pesquisa

A maioria dos autores de renome estão cientes da importância de se fazer pesquisas extensas. Eles também costumam entrar em contato com especialistas.

"Sempre me preocupo em não errar", diz John Gilstrap, autor de onze livros, vários deles na lista de best-sellers do New York Times. "Quanto mais detalhes houver em questões técnicas, o risco é maior. (Basta) Uma frase errada e é incrível o número de e-mails que você recebe dizendo que você cometeu um erro."

O protagonista de muitos dos livros de Gilstrap é Jonathan Grave, especialista em resgate de reféns.

Enquanto Sherlock Holmes seguia pegadas, Grave usa tecnologia do celular, GPS e rastreia o uso de cartões de crédito.

"O desafio para mim era vender Grave como um cara tecnológico, sendo que eu não sou assim", diz o escritor.
Gilstrap tem sido tão bem sucedido que um especialista militar chegou a acreditar que ele estava revelando informações tecnológicas secretas em um de seus livros.

"Mas eu não tinha revelado nada, inventei tudo."

DNA

A maioria dos leitores está familiarizada com a tecnologia que Gilstrap usa em seus livros. Mas esse recurso é um fenômeno recente, afirma Kathy Harig, proprietária da livraria Mystery Love Company, em Maryland.

Ela lembra que o DNA foi a primeira descoberta científica que alterou a maneira com os romances policiais eram estruturados. Já a mais recente engloba tecnologias desenvolvidas na luta contra o terrorismo.

"Se tem terrorismo na sua história, você tem de estar por dentro do aspecto militar, como drones (aviões não tripulados), homem-bomba, explosivos, satélites", diz ela.

Alexandra Hamlet, que ganhou vários prêmios com seu livro de estreia The Right Guard – um thriller sobre a Guerra Fria –, afirma que o terrorismo criou um novo gênero de ficção. Ela descreve seu trabalho como "suspense intelectual" e, para escrever, usa seu conhecimento como antropóloga e sua experiência como analista de inteligência do Exército americano.

Esse tipo de experiência no currículo é cada vez mais essencial quando se escreve sobre acontecimentos contemporâneos, diz Harig.

Diane Davidson escreve sobre a indústria da tecnologia de informação, onde já trabalhou. Seu próximo livro é sobre a suspeita de que implantes médicos podem ser vulneráveis a hackers.

"Esse é um exemplo clássico de uma forma de matar alguém", diz Diane. "Estamos elaborando uma história em torno disso que seja plausível, mas ao mesmo tempo não seja uma espécie de manual sobre como matar alguém".

Peg Kay, da WAS, conta que quatro selos de aprovação já foram concedidos pela academia desde que o selo começou a ser oferecido, em junho. E um quinto manuscrito está sendo analisado.

Jane O'Brien
Da BBC News em Washington

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Catadora cria biblioteca com obras encontradas no lixo no interior de SP


A notícia é um pouco antiga, de novembro do ano passado, mas achei muito inspiradora e resolvi compartilhar! :)

A catadora de recicláveis Cleuza Aparecida Branco de Oliveira, 47, sempre cultivou o sonho de ter uma biblioteca em sua casa, em Mirassol (455 km de São Paulo). Apaixonada por leitura, queria poder emprestar livros a pessoas sem condições de comprá-los.

De tanto ver obras jogadas no lixo de escritores como Machado de Assis, José Saramago e Érico Veríssimo, Cleuza, então semianalfabeta, passou a lê-las e pôde, neste ano, realizar seu sonho.

Foi guardando livros e inaugurou a biblioteca não em casa, mas na associação de catadores, da qual participa, localizada no centro de triagem do lixo.

O acervo já conta com 300 títulos. Criado e administrado por 11 catadores, o espaço tem um canto de leitura, uma brinquedoteca, uma área para discos, brechó e, claro, os livros.


Cleuza Branco de Oliveira na cooperativa.
Augusto Fiorin/Folhapress

A biblioteca não cobra pelo empréstimo das obras, mas quem quiser comprá-las -há títulos repetidos-, paga R$ 0,50 por livro. A renda vai para a própria associação. O local também faz trocas.

"Não tem burocracia e não precisa preencher nada. Alguns levam para casa e outros optam por ler no próprio barracão", afirmou o biólogo Luiz Fernando Cireia, 31, incentivador e usuário do projeto.

Empresas de Mirassol também têm feito doações, que vão possibilitar, inclusive, a ampliação da área, de acordo com Cleuza.

Com salário de R$ 500 mensais, os catadores terão um pequeno acréscimo de renda, ainda não calculado, graças à venda de alguns títulos.

Mas Cleuza garante que o objetivo não é financeiro, é dar aos colegas a oportunidade de ler esses livros.

Augusto Fiorin
Folha de S.Paulo

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um livro para começar bem o ano

Quando chega o ano novo, estamos tão esperançosos e felizes que a última coisa de que precisamos é um livro pesado e perturbador. Pelo menos, imagino que muitos se sintam assim.

Bem, não li este livro na chegada de 2013, e sim no finalzinho de 2012. Terminei a leitura durante um chá de cadeira homérico na sala de espera do dentista e o arrependimento ainda maior de não ter levado comigo um guarda-chuva naquele fim de tarde/começo de noite de chuva torrencial típico de São Paulo.

A Paulista molhada me esperando

O clube da felicidade e da sorte (Joy Luck Club), de Amy Tan, é uma indicação para quem gosta de delicadeza e não tem problema em ler livro de sebo. Sim, pois a Editora Rocco não relança sua tradução do título há algum tempo. Mas ele é fácil de encontrar na Estante Virtual. Eu li a versão em inglês, o que é uma opção, e ela pode ser encomendada (demora um pouco, mas chega).

Quatro mulheres chinesas mudaram-se, na década de 40, para os Estados Unidos. Lá, se conheceram em uma igreja batista frequentada por imigrantes e criaram o Clube da felicidade e da sorte, reunindo-se para jogar mahjong. Uma delas morreu e a filha deve assumir seu lugar na mesa de jogo e, também, na grande missão que a mãe não conseguiu terminar em vida: reencontrar as duas filhas que abandonou na China.

Assim, o leitor mergulha em 16 histórias, duas de cada uma das quatro mães e duas de cada uma de quatro filhas delas. O que mais me impressionou no livro foi o quanto as histórias são encantadoras. A cada uma que eu lia, gostava mais. As mães e as filhas passam por experiências que eu nunca conseguiria sequer imaginar. A surpresa é sempre agradável.

Além disso, a autora mostra, com muita sensibilidade, a sabedoria chinesa, a forma de pensar daquelas mães e o que elas tentam ensinar para as filhas que já nasceram na América e não querem ter nada a ver com aquele mundo oriental aparentemente estranho. Será que elas não têm nada de chinesas?

O resultado é um relato amoroso do relacionamento de mães e filhas e da vida secreta de cada mulher. Tudo pintado de tons deliciosos e suaves. Um livro leve, mas, nem por isso banal. Bem escrito e profundo, mostrando que não são necessários malabarismos com a língua e a narrativa para contar boas histórias e deixar uma marca no leitor.

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