quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Adieu, Marker! Merci beaucoup!

 
O cineasta francês Chris Marker morreu neste domingo (29/07) – dia de seu aniversário – aos 91 anos.
Entre inúmeras obras, em sua maioria documentários, o curta-metragem de ficção científica "La jetée" (1962) o tornou famoso mundialmente e inspirou o filme "Os 12 macacos", dirigido por Terry Gilliam (Monty Python; Brazil, o filme).

Assisti a esse belo trabalho na faculdade e foi como uma aula magna de cinema, fotografia e poesia. É um filme com 28 minutos de duração, composto de imagens fixas e apenas uma cena em movimento. Esse photo-roman em p&b narra a história de um homem sobrevivente da Terceira Guerra Mundial que vive como prisioneiro nos subterrâneos de uma Paris destruída e contaminada com radioatividade. Sem saída, o protagonista submete-se, então, ao experimento de uma viagem no tempo para resgatar certa passagem de sua infância. Mas, como vaticinava o mito grego Édipo, ninguém escapa à mão do destino.

A fotografia, que mantém relação afetiva com as nossas lembranças, foi a escolha do diretor para explorar essa geografia da memória.  E a estética de seus enquadramentos é uma preciosidade. Pura epifania!

Considerado um poeta da imagem, Marker colaborou com vários diretores, entre os quais Alain Resnais (Hiroshima mon amour) e Costa Gavras (Z).

Além de "La jetée", outra obra inesquecível do cineasta é "A.K." (1985), mostrando os bastidores de "Ran", do mestre dos mestres Akira Kurosawa.

Também traduziu os poemas do personagem Paulo Martins de Terra em transe, de Glauber Rocha.
As imagens ao lado são da obra Gatos empoleirados (2004), filme de Marker que retratou os grafites do sorridente felino, animal pelo qual tinha obsessão, que anonimamente invadiram as fachadas e telhados de Paris depois do 11 de setembro.




Ao mesmo tempo, odiava fotos, de si próprio é claro, e sempre que os jornais ou revistas lhe pediam uma para ilustrar a reportagem, enviava o desenho de um gato cujo nome era venerado entre seus fãs: Guillaume-en-Egypte.

Enfim, Marker ou Guillaume são para sempre...

Cumps.

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