sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Resenha de livro: A jogadora de xadrez

Vinte quartos, quarenta camas, oitenta toalhas brancas; um número variável de cinzeiros a esvaziar.*

Essa é a rotina, no sentido mais monótono da palavra, de Eleni, a protagonista de A jogadora de xadrez (Bertina Henrichs, Editora Record). Camareira de um hotel na ilha grega de Naxos desde jovem e já na casa dos quarenta anos, Eleni tem uma vida pacata e sem brilho ao lado do marido e dos dois filhos. Até o dia em que um alegre casal francês se hospeda no hotel onde ela trabalha e...

Ao entrar no quarto do casal parisiense para limpá-lo, Eleni esbarra em um tabuleiro de xadrez com uma partida iniciada e derruba uma das peças. Ela olha o jogo e fica frustrada por não saber onde colocar a peça caída. A partir de então, Eleni não consegue esquecer o casal francês, suas risadas, seus abraços e o jogo de xadrez que compartilham.

Decidida a ter um pouco daquele charme em sua vida, compra um tabuleiro eletrônico, desses nos quais podemos jogar sozinhos contra a máquina, para presentear seu marido, Panis. Como na sua cidade ninguém joga xadrez, mas todo mundo comenta a vida dos vizinhos, Eleni retorna à cidade dos pais e pede a um antigo professor que faça a compra por ela, assim, longe das vistas do povo.

Panis dá pouca atenção ao tabuleiro, mas Eleni não desiste de aprender a jogar xadrez. Ao perceber que, mesmo com o tabuleiro eletrônico, não conseguirá aprender sozinha, volta para a casa do professor, Kouros. E, assim, ela inicia seu caminho em busca do conhecimento, que abrirá janelas pelas quais ela nunca sequer espiou antes. O jogo de xadrez conduz Eleni a querer mais, descobrir mais e ser mais.

O livro de Bertina Henrichs é muito leve, delicado e tranquilo. Mesmo quando a cidade inteira descobre para onde Eleni quando o ônibus para a cidade onde nasceu e passa a olhar feio para ela. Mesmo quando seu marido sente vergonha dela e chega a segui-la. Mesmo quando ela tem de esconder o tabuleiro na geladeira.

É um livro simples, mas cativante. Que mostra como o conhecimento desperta uma nova vida dentro de nós.

Nota: 3 de 5

*Tradução minha. Li o livro em francês, não sei como ficou na tradução oficial para o português.

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