terça-feira, 22 de novembro de 2011

Eu vi

Eu confesso. Sempre tive uma queda pelo Saci. Lembro da minha mãe contando como ele era: negrinho, de uma perna só, com um cachimbo na boca e um gorro vermelho na cabeça. Era esperto – sagaz! – fazia travessuras e agrados, era herói e capeta, perneta e veloz. Para conseguir pegá-lo era preciso uma peneira, tirar o gorro e colocá-lo na garrafa.

Lenda guardada na memória, e não é que um dia desses encontrei o capetinha por aí? Um não: sete. Dentre eles, o sacy fubá (que só admite seu nome grafado com y), o saci de miçanga e o saci japonês. Estão todos no livro que eu ganhei Saci, organizado por Mouzar Benedito, pela Mundo Mirim.

Pelo livro, descobri que existe uma organização, SOSACI (Sociedade dos Observadores de Saci), especializada em coletar histórias de sacis: http://www.sosaci.org/ . A entidade é uma versão atual e expandida da iniciativa do escritor Monteiro Lobato, na publicação O Saci Pererê - O Resultado de um Inquérito, fruto de uma pesquisa com os leitores do jornal O Estado de S. Paulo, em 1917 . Querendo conhecer mais sobre o mito, o escritor foi coletar a resposta em sua fonte: o povo. Dali surgiu, O Saci (1921), um dos livros do Sítio do Pica Pau Amarelo, a primeira versão escrita do herói folclórico.

Em pesquisa, descobri que a minha versão de Saci é só uma entre inúmeras. Até saci-ave tem, mais presente no Norte do Brasil. A que a gente conhece, aqui no Sudeste, é o saci-moleque. E não é só o pererê não. Mas vou parar por aqui para não dar nó na cabeça. Afinal, minha cachola não é crina de cavalo para saci nenhum trançar.

E se você vir um sacizinho por aí não relute: ele aparece justamente para quem caçoa de sua existência. Assuma a aparição e contribua mais um pouco com a cultura popular brasileira.

























Retrato do Saci-pererê (2007) por J. Marconi

2 comentários:

Peri disse...

Já eu, tinha um medo inexplicável do Curupira!!
Mas não sabia que tinha tanto saci assim, melhor ficar atento...

Ricardo Barreiros disse...

Um amigo meu da faculdade, o João, jurava que tinha um criadouro de sacis e dizia que era um bom negócio: "do saci, tudo se aproveita".

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